Academia dos +
“O que fizemos para sobreviver foi estabelecer parcerias com entidades formadoras”
Silvéria Ramada é um exemplo de força e determinação. Apaixonada pela área da educação, abriu em 2018 a Academia dos +, que se divide entre a educação e a formação profissional. Começou com um espaço físico que em dois anos precisou de aumentar dada a procura, mas a pandemia provocou uma quebra fatal e a maioria dos serviços acontecem, hoje, no formato on-line. “A educação do futuro passa pelo e-learning”, acredita.
Uma empreendedora com “E” grande, Silvéria Ramada criou um projeto onde “reuniu toda a experiência obtida a trabalhar por conta de outrem nas várias áreas da educação e nos vários locais, como escolas e empresas”. Assim nasce, em 2018, a Academia dos +, em Espinho, com um espaço que rapidamente se viu pequeno para as necessidades. “Em dois anos, já estávamos a mudar de instalações porque tornaram-se pequenas”, afirma. O segredo do sucesso foram as parcerias que permitiram crescer. “Somos uma academia de educação e formação. Na área da educação, tínhamos muita concorrência, mas na formação éramos pioneiros, não havia na zona quem tivesse oferta igual à nossa. O que fizemos para sobreviver foi estabelecer parcerias com entidades formadoras, de Lisboa, do Norte, do Minho. Cedíamos as nossas salas e rentabilizávamos o espaço e, dessa forma, dávamos a conhecer os serviços porque, por exemplo, vinha uma pessoa que tinha filhos participar e já ficava a saber que oferta tínhamos para as crianças”, conta.
Na Academia dos + podemos encontrar cursos, formações e workshops, apoio ao estudo, explicações individuais, preparação para exames, ateliers pedagógicos, e muito mais. Os clientes, que procuram especialmente a formação profissional, são maioritariamente professores, dado que as formações são direcionadas para profissionais da educação, mas também procuram esta oferta estudantes de psicologia, que pretendam aumentar conhecimento e currículo, e empresas que queiram promover formação junto dos trabalhadores. Já as crianças, do 1.º ao 3.º ciclo, têm um apoio ao estudo individualizado, no espaço em Espinho, que é “completamente diferente daquele que é disponibilizado num típico centro de estudos”, pois é dado por uma psicóloga direcionada para apoio escolar. “O apoio que dá é personalizado”, reforça Silvéria Ramada.
A pandemia foi, até agora, o maior desafio para o negócio, obrigando a empreendedora a rever o projeto. “A pandemia quebrou o ritmo e em janeiro transitamos praticamente tudo para o on-line. O que aconteceu foi que, durante a pandemia, tivemos de criar plataformas para continuar a disponibilizar as formações e com o digital conseguimos um público fora da nossa zona de atuação, do Brasil, de Angola, de Cabo Verde, porque através do Google Teams chegamos a toda a gente”, revela. Uma nova oportunidade, mas também um sonho físico que terminou. “Foram dois anos a pagar despesas com a loja fechada e, quando regressámos, havia uma série de requisitos, como a distância entre alunos, que tivemos de implementar, e que envolviam investimento, para podermos continuar. Espinho é uma cidade muito cara e os encargos, rendas, licenças, impostos, foi demasiado, a adicionar ao grande investimento recente que tínhamos feito na mudança e requalificação de instalações. Sei que há meses estratégicos, mas é preciso manter a empresa 12 meses. Dois anos de pandemia e todas as consequências que ela teve levaram ao fim das instalações físicas, parte do projeto teve de ficar para trás”, diz Silvéria Ramada, com tristeza na voz.
A empreendedora é a única a tempo inteiro na Academia dos +, mas conta com uma rede de trabalhadores em part-time e prestadores de serviço que colmatam as necessidades do projeto. “Todos os nossos cursos são preparados e estruturados por nós, não há iguais, e incluem acesso por parte dos alunos ao material didático. Isso é uma mais-valia porque, por exemplo, os estudantes precisam desse material durante os estudos no ensino superior e mesmo para quem está no terreno é vantajoso porque tem de estar sempre atualizado”, salienta. Sobre as vantagens de ter um projeto próprio, Silvéria Ramada aponta sobretudo a gestão de tempo. “Trabalha-se mais do que os outros, é verdade, mas se quisermos sair mais cedo ou entrar mais tarde, temos essa flexibilidade. Eu não gosto de rotinas, as rotinas nunca me agradaram quando trabalhava por conta de outrem, e como empresária gosto desta liberdade de poder estabelecer os meus horários de acordo com o que eu quero”, frisa.
Sobre ideias de negócio, deixa apenas a dica: “Não invistam na área da educação e formação profissional, porque a oferta de cursos financiados tira muito negócio e formandos aos centros de formação”. Em vez disso, a empreendedora aconselha áreas como a contabilidade, os seguros ou a consultoria. “Quem me perguntasse, se fosse para apostar nesses negócios, eu dava o meu total aval e apoio”, afirma. Ainda que não aconselhe outros a investir na área onde opera, ela continua a lutar pela sua grande paixão e deixa no ar a possibilidade de levar a Academia dos + além-fronteiras. “Há mais procura, há menos oferta e têm uma perspetiva diferente, valorizam mais”, salienta. Para Silvéria Ramada, a procura pela escola on-line diz-nos que “a escola do futuro vai passar por e-learning”.