Auto Arrebita
“A ALPE deu-me o empurrão que precisava para abrir o negócio”
Joaquim Oliveira é mecânico desde os 15 anos de idade. Trabalhou bastante tempo por conta de outrem até que, em 2008, decidiu avançar com o próprio negócio. Em tom de brincadeira, mas com algum fundo de verdade, diz que “só um louco monta um negócio”, porque as responsabilidades e o atendimento ao público não é algo fácil de gerir. Desde que abriu, tem sido sempre em crescendo e, mesmo quando teve de fechar durante dois meses com o estalar da pandemia, o fundo de maneio que tanto “poupou” serviu como forte apoio.
“Não tive muita opção de escolha, a minha mãe pôs-me logo a trabalhar”, começa por contar Joaquim Oliveira, sobre a sua entrada para a mecânica. Estudou e tirou cursos à noite para ganhar o conhecimento necessário e começar a laborar na área. Os anos foram passando até rebentar a crise de 2008 e ser atirado para o desemprego. Ainda bateu a muitas portas, mas nenhuma se abriu, então Joaquim Oliveira, procurando o aconselhamento da Agência Local em Prol do Emprego, tomou a decisão de abrir um negócio. “Na altura, não encontrava nada, estive alguns meses a receber subsídio de desemprego, mas precisamente por não haver trabalho, optei por lançar-me por conta própria. A ALPE ajudou-me em tudo, deu-me o empurrão que eu precisava para abrir o negócio, informou-me como conseguir o apoio necessário, deu-me o incentivo que faltava”, revela.
Desde a abertura, o negócio “correu bem” muito devido às pessoas “boas, sérias e honestas” que para ele foram contribuindo. “As pessoas foram aparecendo”, diz Joaquim Oliveira, conciliando a entrevista com as ordens aos funcionários sobre os trabalhos pendentes. E é precisamente a conciliação que vê como o principal desafio de ser empresário. “A maior dificuldade? Ter tempo para mim”, atira, referindo que em termos de negócio as coisas vão-se desenrolando, mas equilibrar vida profissional e vida pessoal é uma tarefa complexa. Já nas vantagens, há uma que se destaca. “O dinheiro que entra no bolso”, diz, rindo, sobre o facto de um trabalhador por conta própria ganhar mais do que um trabalhador por conta de outrem.
Já são mais de 10 anos à frente da Auto Arrebita, em Rio Meão, a “crescer devagarinho” e a “poupar muito”. Na altura da pandemia, viu-se obrigado a “fechar o portão durante dois meses”, mas graças ao seu rigor nas contas, “não se preocupou. Foi difícil, mas fui buscar ao saco, ao fundo de maneio, para pagar às pessoas, então não senti tanto”, afirma. Com quatro pessoas a trabalhar no espaço, a Auto Arrebita oferece todo o tipo de serviços de mecânica geral. Questionado sobre os principais problemas que aparecem nas viaturas, Joaquim Oliveira atira: “Os carros não dão problemas, não falam, agora as pessoas…”.
É sobre o atendimento ao público que recaem a maioria das queixas. “Lidar com pessoas… não é fácil. Lidar com elas e depois correr atrás do dinheiro para nos pagarem”, comenta. Há uma “loucura” inerente e necessária, diz, para gerir um negócio. “Só um louco monta e mantém um negócio. Quem quer avançar, tem de pensar bem se o dinheiro que vai ganhar compensa este desgaste mental. Isto dá cabo da cabeça”, avisa, sobre uma realidade não tão falada do empreendedorismo.