Scoop - Pilates
“Qualquer coisa que quisermos vender ou fazer, funciona no sítio e momento certo”
Ricardo Neto viu uma lacuna no mercado e não hesitou em aproveitá-la. Sem qualquer experiência no ramo, mas um grande olho para o negócio, começou, em 2015, a produzir e comercializar equipamentos de Pilates, abrindo uma das primeiras empresas portuguesas e europeias desta área. Quando questionado sobre as dificuldades de trabalhar por conta própria, aponta a elevada carga fiscal e a falta de mão-de-obra especializada devido ao desequilíbrio entre a procura e oferta existente.
“Tinha zero experiência na área”, conta Ricardo Neto. Isso não o demoveu, porém, de se lançar por conta própria a produzir e comercializar equipamentos de Pilates. “Descobri que havia uma necessidade e apostei nessa necessidade, que era a produção e comercialização de equipamentos de Pilates. Não conhecia o mercado, mas vi que havia essa oportunidade porque só havia marcas americanas a fornecer para a Europa e as pessoas tinham dificuldade em comprar por serem importadas. Com fornecimento interno no país, nacional, e depois para a Europa, facilita em termos de rapidez de entrega e preço”, explica, frisando que foram uma das primeiras empresas na Europa e em Portugal a operar nesta área. “Empresa com fábrica a produzir em Portugal penso que somos os únicos”, salienta, referindo-se à fábrica da Scoop Pilates em Sever do Vouga.
Tudo começou em 2015, quando decide lançar-se pela primeira vez por conta própria, e nessa altura procurou a ALPE para apoiá-lo na candidatura ao Instituto de Emprego e Formação Profissional da antecipação do subsídio de desemprego. “A ALPE deu apoio na fase inicial da empresa com a criação do plano de negócios”, lembra. Ao contrário de muitas empresas, a Scoop “correu bem desde o princípio. Tive lucro desde o primeiro ano e ainda não tive um ano negativo”, afirma. Produzem e comercializam mais de 30 máquinas e acessórios diferentes e os clientes dividem-se entre espaços dedicados ao Pilates, ginásios e clínicas fisiátricas. “Agora há cada vez mais espaços dedicados ao Pilates por causa da facilidade de compra das máquinas e as clínicas também começam a apostar no Pilates clínico, a integrar o conceito dentro da fisioterapia”, refere. Vendem para Portugal e para o estrangeiro. “Vendemos para Espanha, França, Itália, Suécia, mas Espanha é a mais forte a nível europeu em termos de Pilates”, revela.
Questionado sobre as dificuldades que enfrentam os empresários, Ricardo Neto é peremptório na resposta: “Pagar impostos. A quantidade de impostos que se paga…”, aponta. Mas há mais. “Conseguir pessoas para trabalhar está muito difícil. Temos funções de serralharia, estofadores, e mesmo pagando acima da média, não conseguimos pessoas para trabalhar porque as que existem já trabalham por conta de outrem e não querem deixar o emprego, mesmo recebendo menos, estão acomodadas. Não há oferta suficiente e as pessoas que existem não querem mudar”, lamenta. Já como grande vantagem de trabalhar por conta própria, destaca “a liberdade de podermos fazer aquilo que gostamos. Quando temos uma ideia, podemos investir, avançar e fazer dela uma oportunidade de negócio. Mas desengane-se quem tem a ilusão de que ‘o patrão é rico, faz o que quer e trabalha quando quer’. Tendencialmente, um empreendedor trabalha mais do que um empregado por conta de outrem. Não é um mar de rosas, não podemos descurar nem um pouco porque de repente tudo muda e, apesar de não haver uma concorrência gigante nesta área, temos de estar constantemente a melhorar o produto para dar resposta ao cliente”, sublinha.
Como conselhos, frisando sempre que “depende da ideia e do negócio”, lança que “se for uma boa ideia, se a pessoa acreditar nela, aposte. Como empresário, acredito que qualquer coisa que quisermos vender ou fazer, funciona no sítio e momento certo. Se tentarmos vender bolas de praia na neve, não vai funcionar, mas o oposto já funciona. Uma ideia funciona desde que tenha pés e cabeça e que encontre o mercado certo”, afirma.