O Caracol
“Tem de se conhecer bem o público-alvo para dirigir as energias e estratégia para ele”
Fernando Figueiredo viu-se sem trabalho na sua área, a construção civil, e encontrou no transporte personalizado de crianças uma lacuna a preencher no mercado. Em 2014, começa a circular pelas ruas com a sua primeira carrinha e assim nasce o projeto Caracol. Cinco carrinhas, cinco funcionários e um sócio depois, a empresa que foi sempre crescendo finalmente está a recuperar da paragem da pandemia e um dos objetivos passa por aumentar a frota a breve prazo.
Em 2011, a crise na construção civil atirou-o para o desemprego e Fernando Figueiredo ficou muitos anos a bater a portas que não se abriam. Com dois filhos pequenos, não queria seguir os colegas e emigrar, e viu no transporte de passageiros uma oportunidade. “Vi que havia falta de pessoal, então fui tirar a carta de condução para automóveis pesados de passageiros”, conta. Um trabalho precário atrás do outro, começou a perceber que deveria afunilar o nicho e criar um projeto diferente. Assim nasce, em 2014, o Caracol, com sede em Santa Maria da Feira. “O nome surgiu numa conversa de família, é um animal lento e simpático para as crianças”, diz. Já conhecendo a ALPE da altura em que se inscreveu no Instituto de Emprego e Formação Profissional, sabia que eles apoiavam novos projetos e procurou este apoio para arrancar com o negócio.
O primeiro centro de estudos parceiro, que entretanto já fechou, era de Arada e Fernando Figueiredo começou a circular pelas estradas, com a carrinha recém-comprada, transportando as crianças para os pontos combinados. “Vi uma lacuna no transporte personalizado de crianças, reuni as minhas economias e comprei uma carrinha. A partir daí, começaram a ver a carrinha a circular e logo no mesmo ano já tive de comprar outra. As solicitações eram muitas, consegui um horário estável a tempo completo e empreguei outra pessoa a meio tempo”, revela, sobre o crescimento do negócio. Neste momento, já são cinco carrinhas (duas ligeiras e dois mini-bus) e cinco pessoas a trabalhar na empresa. “Passado um ano, um amigo propôs-me sociedade, a faturação já justificava, então avançámos”, afirma.
Sempre a crescer até 2020 quando “a Covid pregou uma rasteira. Tivemos de parar e criar dívida para fazer face aos encargos fixos”, lembra. No ano passado, já começaram a “recuperar parte do prejuízo” e as perspetivas voltam novamente a ser positivas com o objetivo a breve prazo de aumento de frota. Sobre os desafios desta vida de empresário, Fernando Figueiredo diz-nos que “um microempresário tem de saber de tudo, de contabilidade, de mecânica, de organização, tem de saber orientar o trabalho, lidar com clientes (sejam centros de estudo, escolas ou crianças) e tem de estar constantemente alerta para criar o volume de trabalho necessário à viabilidade da empresa”, refere. Já as vantagens passam pela “liberdade de horário e a realização profissional. Estou empregado e arranjei emprego para outros”, diz, orgulhoso.
Como conselhos para futuros empreendedores, lança: “Tem de se conhecer bem o público-alvo para dirigir as energias e estratégia para ele num primeiro momento, depois as coisas são dinâmicas e vão-se adaptando”.