Fátima Moreira é proprietária de um negócio alimentar que incorpora em si todo o processo, desde a horta até ao prato. Começou com a produção de hortofrutícolas e hoje também inclui nos seus serviços transformação e catering, tudo concentrado numa só pessoa: ela própria. A carga é grande, mas o gosto também e os clientes apreciam os produtos frescos entregues todas as semanas à porta de casa e as novas invenções culinárias que experimentam nos eventos.
A mudança de cidade, do Porto para Santa Maria da Feira, levou a que Fátima Moreira deixasse os recursos humanos e considerasse novas opções de empregabilidade, desta vez por conta própria. Aproveitando os terrenos da família, em Lever (Vila Nova de Gaia) e Canedo (Santa Maria da Feira), abriu, em 2014, a Villa Liberii Sabores, uma empresa de produção de hortofrutícolas segundo métodos tradicionais, sustentáveis e amigos do ambiente. O projeto de empreendedorismo na área agrícola contou com a valiosa ajuda da ALPE, que disponibiliza formações para empreendedores, e da ADRITEM, cujos engenheiros deram preciosas dicas nas visitas e testes aos terrenos. Os primeiros tempos foram de “aventura” e muita descoberta e os conhecimentos da própria família de Fátima Moreira também ajudaram a alavancar o negócio.
Depressa a empreendedora alargou o espectro e além da produção, começou a aproveitar os excedentes para a transformação e para catering. Hoje, os clientes usufruem não só de “produtos frescos”, entre os quais se incluem couves, batatas, cebolas e tanta fruta variada, entregues semanalmente à sua porta (os pedidos são efetuados por e-mail); como também podem experimentar compotas, molho de tomate, legumes em conserva, e até contratar Fátima Moreira para eventos em que precisem da parte alimentar assegurada. A empreendedora compreende agora na sua empresa todas as fases e a estas ainda junta a confeitaria, com bolos, bolachas, bombons. Os clientes “gostam bastante” e há alguns que já se mantêm desde o início a receber os produtos da Villa Liberii em sua casa.
A parte mais difícil, confessa Fátima Moreira, é mesmo “gerir tudo sozinha. É um negócio que, pela sua dimensão, não me permite ter funcionários. Tenho de ser contabilista, produtora, cozinheira, servir os produtos, tudo eu”, afirma. Já chegou a ficar responsável por alimentar 150 pessoas num evento realizado pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira que decorreu no Centro Cultural de Milheirós de Poiares. Gosta de aprender e faz formações à medida da sua disponibilidade. “Já fiz bastantes, mas ainda queria fazer mais algumas. Nos pratos vegan e vegetarianos dá para fazer imensas coisas, mas é uma cozinha exigente”, refere. Já como vantagens de ter um negócio próprio aponta a gestão do horário, que permite conciliar melhor o tempo profissional e familiar, e o carinho dos clientes. “Entregamos os cabazes e as pessoas ficam contentes, no catering é gratificante quando provam alguma coisa e acham delicioso, dizem que nunca tinham provado”, revela, adiantando que gosta de ir experimentando receitas e que a família em casa é a “cobaia” de todas as invenções.
Um caminho “novo” e com alguns percalços, como quando as intempéries fizeram com que “ficassem sem estufa”, mas que “vale muito a pena”. Como conselhos para futuros empreendedores, diz que “é preciso alguma capacidade de sacrifício, não é fácil, mas não desistam à primeira contrariedade. Há sempre coisas que não podemos controlar, mas temos de ter a confiança que vai correr melhor. O que falta a muita gente é que a necessidade não deixa surgir a oportunidade e as pessoas têm medo de arriscar”, afirma.